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Olá, nós somos a Aishah e a Miana, e estudamos no Colégio Vasco da Gama. Este blog tem como âmbito um Projecto Medieval que estamos a realizar na disciplina de Área de Projecto, por isso vamos.te deixar aqui algumas informações acerca da Idade Média.
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segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Casamento de D.João I e D. Filipa de Lencastre

Como El Rei fez boda com sua mulher na cidade do Porto. Não embargando que os dias fossem breves para ordenar de fazer tamanha festa, mormente como aquele tempo tinham em costume, encomendou El Rei a certos de sua casa e aos oficiais da cidade o encargo que cada um disto tivesse; e com grande inteligência e sentido tinham todos em cuidado o que lhes El Rei encomendara, uns fazer praças e desempachar as ruas por onde haviam de andar gentes, e outros de fazer jogos e trabalhos e matinadas de noite. E fizeram muito à pressa uma grande praça ante São Domingos da rua do souto, que eram então tudo hortas, onde justavam e torneavam grandes fidalgos e cavaleiros que o bem sabiam fazer, e outra gente não. Assim que toda a cidade era ocupada em desvairados cuidados desta festa. E tudo prestes para aquele dia, partiu El Rei à Quarta-feira donde pousava, e foi aos Paços do Bispo, onde estava a Infanta. E na Quinta-feira foram as gentes da cidade juntas em desvairados bandos de jogos e danças para todas as partes e praças, com muitos trabalhos e prazeres que faziam. As principais ruas por onde a festa havia de ser, todas eram semeadas de desvairadas verduras e cheiros. E El Rei saiu daqueles paços em cima de um cavalo branco, em panos de ouro realmente vestido; e a rainha em outro tal, mui nobremente guarnida. Levavam nas cabeças coroas de ouro ricamente obradas de pedras de aljofar e de grande preço, não indo arredados um do outro, mas ambos a igual. Os moços de cavalos levavam as mais honradas pessoas que eram e todos de pé muito corregidos. E o arcebispo levava a Rainha da rédea. Diante iam pipas e trombetas e outros instrumentos que se não podiam ouvir. Donas filhas dalgo isso mesmo da cidade cantavam indo de trás, como é costuma de bodas. A gente era tanta que se não podiam reger nem ordenar pelo espaço que era pequeno dos paços à igreja e assim chegaram à porta da Sé, que era dali muito perto, onde dom Rodrigo, bispo da cidade, já estava festivalmente em pontifical revestido, Esperando com a cleresia. O qual os tomou pelas mãos, e demoveu a dizer aquelas palavras que a Santa Igreja manda que se digam em tal sacramento. Então disse a missa e pregação; e acabou seu ofício, tornaram El Rei e a Rainha aos paços donde partiram com semelhante festa, onde haviam de comer. As mesas estavam já guarnidas e todo o que lhe cumprira; não somente onde os noivos haviam de estar, mas aquelas onde era ordenado de comerem bispos e outras honradas pessoas de fidalgos e burgueses do lugar e donas e donzelas do paço e da cidade. E o mestre-sala da boda era Nuno Álvares Pereira, Condestável de Portugal; servidores de toalha e copa e doutros ofícios eram grandes fidalgos e cavaleiros, onde houve assaz de iguarias de desvairadas maneiras de manjares. Enquanto o espaço de comer durou, faziam jogos à vista de todos, homens que o bem sabiam fazer, assim como trepar em cordas e tornos de mesas e salto real e outras coisas de sabor; as quais acabadas, alçaram-se todos e começaram a dançar, e as donas em seu bando cantando a redor com grande prazer. El Rei se foi entrando para a sua câmara; e depois da ceia, ao serão, o Arcebispo e outros prelados, com muitas tochas acesas, lhe benzeram a cama daquelas bênçãos que a Igreja para tal acto ordenou. O padre da Rainha nem a Duquesa não vieram a estas bodas, porque todo o seu cuidado em ocupação de se achegar com as suas gentes àquele lugar onde com El Rei falará para fazer sua entrada.

Fernão Lopes

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